Saiba como você, tutor amoroso, pode garantir uma melhor qualidade de vida para o seu bichano
Os felinos têm ganhado cada vez mais espaço nos lares, nas clínicas veterinárias e nos nossos corações. Todo tutor amante de felinos sonha em dar para o seu gatinho uma vida longa, saudável e feliz. Mas como fazer isso? “A longevidade do gato é resultado de uma soma de fatores que dependem da genética e do estilo de vida. O estilo de vida pode ser alterado pelo tutor e pela Medicina Veterinária”, explica Laila Massad, médica-veterinária especialista em felinos e responsável pelo blog Portal Medicina Felina. Confira algumas destas ações abaixo.
1) Lugar de gato é dentro de casa
Essa dica é bem conhecida do gateiro responsável, mas é sempre válido reforçar, até porque ela é fundamental. Por muito tempo, convencionou-se popularmente que gatos são animais que precisam sair de casa para dar uma “voltinha”. Não é verdade, pois eles se adaptam e podem ser muito felizes e bem mais saudáveis dentro de casa. Laila é categórica: na rua, eles estão expostos a diversos perigos, como acidentes, envenenamentos e muitas doenças contagiosas. “Os gatos vivem em média 15 anos, mas, quando eles têm acesso à rua, essa média pode cair para até 3 anos de vida”, explica a médica-veterinária.
2) Rotina saudável
Todo tutor de gato precisa entender que seu pet ama ter uma rotina. É isso que faz com que ele se sinta seguro e, consequentemente, mais feliz. É importante oferecer alimentos e água sempre nos mesmos horários, assim como manter as brincadeiras diárias. O pet tem os horários das sonecas – afinal, gatos dormem até 18 horas por dia – e também tem os períodos em que fica mais ativo. Vale a pena observar esses comportamentos e incentivar seus hábitos naturais, mantendo uma rotina fixa. “Do mesmo jeito que o gato é curioso, ele detesta mudanças. Não mude a marca da ração (a não ser que o veterinário mande), não mude a vasilha de lugar, não mude a marca da areia, não compre um sofá novo (se possível), não mude de horário de trabalho, de amigos ou de namorados(as), nada. Mantenha sua vida exatamente do mesmo jeito que estava quando adotou seu gato até o fim de sua vida. Claro que isso tudo é um exagero, e ninguém vai seguir essas regras, mas se os gatos mandassem em nossas vidas, você não teria autorização para fazer nenhuma troca, pois eles gostam de rotina. Se puder seguir apenas algumas das dicas, talvez seu gato se sinta mais satisfeito”, brinca Laila.
3) Alimentação correta
A boa alimentação é essencial para o gato viver de forma mais saudável. “Podem ser oferecidas dietas comerciais, como ração seca e úmida, ou dieta caseira, mas esta última é mais difícil de ser manejada, pois precisa de um veterinário para fazer a prescrição e, muitas vezes, os gatos não comem tudo que está sendo oferecido, podendo causar algum tipo de desbalanceamento na nutrição dele”, aponta Laila, que reforça também a importância de escolher uma alimentação selecionada. “As rações do tipo premium e super premium têm maior digestibilidade, ou seja, têm um melhor aproveitamento dos nutrientes e ingredientes de melhor qualidade”.
4) Cuidado com a falta de água
Gatos costumam beber pouca água no dia a dia, e esse comportamento pode resultar em problemas renais no futuro. Portanto, o tutor deve incentivar uma maior ingestão. Laila dá algumas dicas: espalhar diversas vasilhas de água pela casa; usar vasilhas de água largas, pois os gatos preferem não encostar seus bigodes nas bordas; deixar as vasilhas de água distantes das de comida; inserir fontes de água corrente com filtro; oferecer ração úmida através de sachê ou lata, pois elas contêm 80% de água contra apenas 10% nas rações secas; colocar pedras de gelo na vasilha de água, pois eles gostam de água mais fresca; e fazer pedrinhas de gelo com água da lata do atum. “Vale ressaltar que, para gatos que já apresentam doença do trato urinário, o atum em lata não é um alimento indicado, pois contém muito sódio”, alerta.
5) Atenção à caixa de areia
O gato tem uma relação muito importante com a sua caixa de areia, e ela também pode dizer muito sobre ele. “Os gatos enterram fezes e urina sob a areia porque não querem que possíveis predadores sintam seus cheiros. Esses cheiros têm a função de marcar território e, portanto, se o gato é dominante, ele não irá enterrar seus excrementos, para que outros animais fiquem com medo dele. Se o gato é submisso, então ele enterra seus excrementos, pois tem medo de que um possível predador o descubra”, conta Laila, descrevendo como o hábito natural do bichano ainda o influencia. “Apesar de domesticados, os gatos ainda mantêm esse comportamento, e isso torna a caixinha de areia algo muito importante para eles”, diz. Em relação à quantidade, o ideal é ter uma liteira a mais do que a quantidade total de gatos na casa, e elas devem ser limpas uma vez por dia e lavadas pelo menos uma vez por semana. Ao observar os dejetos do pet, o tutor ainda pode avaliar se ele está urinando na frequência correta, se as fezes estão normais e se há algo errado – o que, em caso afirmativo, demanda uma ida ao veterinário.
6) Brincadeiras são fundamentais
Como o indicado é que o gato doméstico fique confinado dentro de casa, ele precisa gastar energia e fazer exercícios de alguma forma, ou seja, brincando! “De maneira geral, os gatos brincam porque simulam uma caça. Eles são excelentes caçadores e qualquer brincadeira que envolva ‘caçar’ vai deixar um gato feliz”, explica Laila. Além de diversão e alegria, a brincadeira é uma forma de manter o gato mais saudável. “É importante que o felino se exercite regularmente, pois essa é uma forma de evitar algumas doenças, como a obesidade”, esclarece a médica-veterinária Alessandra Amarante Smith Maia, também especializada em medicina felina.
7) Enriquecimento ambiental
Os exercícios para o gato doméstico podem vir em forma de brincadeira, mas o enriquecimento ambiental – que significa incluir elementos no seu ambiente que promovam bem-estar físico e psicológico – também pode complementar essa necessidade. “O enriquecimento ambiental é, sem dúvida, de extrema importância para os felinos, pois assim, além de se exercitar, o gatinho se diverte e, com isso, fica menos ansioso, menos agressivo e mais feliz”, explica Alessandra.
8) Doentes crônicos
Para os bichanos com enfermidades crônicas, como doença renal, doença inflamatória intestinal e neoplasia, Alessandra recomenda que o tutor siga rigorosamente as orientações do médico-veterinário. “Se o diagnóstico estiver correto, se os gatos crônicos forem adequadamente acompanhados pelo veterinário (com visitas regulares e exames de acordo com a patologia), se tiverem uma dieta apropriada e, sobretudo, carinho e atenção do tutor, então eles poderão sim ter bastante qualidade de vida”, diz.
9) Avanços da medicina felina
À medida que o interesse por gatos cresce nos lares, também aumentam os avanços na medicina felina, com mais pesquisas e profissionais especializados. “Constantemente, a área da medicina veterinária tem evoluído com medicamentos mais eficazes contra as diversas doenças, especialmente aquelas que acometem mais os gatos idosos, como a doença renal crônica e o câncer”, descreve Laila. De acordo com Alessandra, essa evolução é um dos motivos para os felinos domésticos estarem cada vez mais saudáveis e vivendo com melhor qualidade de vida. Ela ainda aponta uma das novidades da área: “a utilização de suplementos, ou seja, nutrientes que interferem na expressão genética, é um recurso que vem sendo usado com bastante sucesso na medicina felina. Eles podem ter objetivo terapêutico e são comuns na medicina funcional, uma área que cuida do terreno biológico, das células, trazendo maior longevidade e qualidade de vida para os pets”.
10) Tratamentos naturais
Outra área que vem crescendo junto com o aumento de interesse pelos gatos é a dos tratamentos naturais. Profissionais especializados nessa área, como a médica-veterinária Fernanda Sasaki, trabalham com alternativas naturais para tratar e manter a qualidade de vida dos pets. Fernanda explica que, ao atender um pet, primeiro ela o analisa para conhecer sua história, sua personalidade, seus hábitos e o manejo de sua saúde, solicita exames e aí sim inicia um tratamento, que engloba aspectos fisiológicos e também psicológicos. Além de tratar com dietas naturais, a profissional também atua com o uso de nutracêuticos, fitoterápicos, homeopatia, óleos essenciais e cromoterapia, além das especializações em acupuntura e reiki. O foco dos seus atendimentos é sempre na prevenção de doenças, na manutenção da saúde e na busca por uma melhor qualidade de vida para o pet.
Agradecimentos:
Fabiana Pozzuto Poppi
Graduada em Medicina Veterinária pela PUC Minas, pós-graduada em Clínica Médica de Felinos pela Qualittas, mestre em Cirurgia Veterinária pela UNESP/FCAV e doutoranda em Cirurgia Veterinária pela UNESP/FCAV.
@poppivetclinvet
@fabianapoppicirurgiavet