Melhor idade felina: a que devemos nos atentar nessa fase da vida?

Perda de agilidade para saltar, flacidez muscular e mudanças de comportamento em geral são apenas algumas das “novidades” na vida dos gatos idosos, ou seja, a partir dos 7 anos de vida

Foto: RAUL RODRIGUEZ/iStockphoto

Quando os gatos completam 7 anos de idade, eles começam a dar alguns sinais de que nem tudo será como antes… Seu organismo não funciona mais da mesma forma, e algumas alterações vão surgindo à medida que o tempo passa. E, como nossos amigos felinos são verdadeiros mestres em esconder seus problemas, os tutores devem ficar atentos às suas mudanças de comportamento – mesmo que elas sejam sutis –, pois não basta relacionar um problema à idade, considerando-o normal, e não ajudar o bichano a se sentir melhor.
Para a médica-veterinária Vanessa Zimbres, os principais pontos que devemos observar na rotina dos felinos estão relacionados a alterações no seu comportamento, como limitação para pular (subir e descer dos móveis), mudanças na forma de utilizar a caixa de areia, comprimento das unhas – que certamente precisarão ser aparadas com uma frequência maior –, mudanças nos padrões de sono, vocalizações sem motivo, perda de peso, flacidez muscular, pelos malcuidados, perda de apetite e alterações na visão e na audição. Já a médica-veterinária Melissa Orr destaca a necessidade de prestar atenção a episódios frequentes de vômito, dificuldade para saltar ou subir nos lugares aos quais o gato já estava habituado e perda progressiva de peso. “Tudo isso são indicativos de que o gato pode estar tendo algum problema decorrente da idade”, afirma.

ALIMENTAÇÃO
Não somente nessa fase, mas durante toda a vida do gato o manejo alimentar correto é fundamental. A escolha das rações deve ser adequada ao estilo de vida, às necessidades especiais e à idade do felino, mas deve-se, mais do que nunca, contar com o apoio e o acompanhamento do médico-veterinário para que não haja comprometimentos à saúde do animal, pois, nessa fase da vida, existe uma tendência à perda de peso e de massa muscular, e a perda de peso crônica é lenta e pode não ser percebida pelos tutores, segundo Vanessa. “Ao mesmo tempo, as doenças crônicas podem vir a se manifestar e, dependendo de quais forem, alimentos e/ou suplementos específicos deverão ser introduzidos”, complementa. Já Melissa destaca que pode haver a necessidade de realizar a suplementação vitamínica, dependendo da raça e do porte do gato. Ela conta que atualmente existem no mercado pet algumas opções de ração 7+ (para os gatos acima dos 7 anos), que normalmente contêm fatores antioxidantes, entre outras diferenças em relação a uma alimentação adulta ou castrada convencional, prevenindo, por exemplo, a aceleração da doença renal crônica no gato geriátrico.

AMBIENTE
De acordo com Vanessa Zimbres, nessa faixa etária, deve-se dar uma atenção especial ao ambiente do gatinho. “Gatos se sentem seguros e têm preferência por locais mais altos, e devemos facilitar seu acesso a tais locais como uso de escadinhas, banquinhos etc., de forma a facilitar que subam e desçam do seu local preferido de descanso”, diz a veterinária. Segundo ela, a doença articular degenerativa é muito comum – e muito subestimada – não somente em gatinhos idosos. “Todo gato, independentemente da idade, deve subir e descer de móveis, arranhadores, nichos e brinquedos sem dificuldades. Portanto, além do acompanhamento do médico-veterinário e do tratamento para a nutrição das articulações, bem como o uso de analgésicos e anti-inflamatórios para dor, o ambiente deve estar adaptado de modo a facilitar o acesso dos gatos aos locais onde eles preferem ficar. E é preciso atentar-se também à altura e à localização das caixas de areia, dos comedouros e bebedouros.”

EXERCÍCIOS
“Com relação a reduzir o nível de atividade física, na verdade o próprio gato já faz isso sozinho. O tutor não precisa fazer nada. Gatos, quando são jovens, são bem ativos. Correm, fazem bastante exercício… Mas, à medida que eles vão ficando mais velhos, eles passam a ficar mais tempo dormindo”, explica Melissa Orr.
Já Vanessa Zimbres chama atenção para o fato de que gatos são caçadores natos e mesmo os mais idosos podem ser ágeis caçadores. “Caso contrário, nunca apreenderiam uma presa e não conseguiriam se alimentar e, portanto, devemos nos atentar principalmente à dor desses animais e tratá-la de forma adequada juntamente ao manejo do ambiente”, recomenda a profissional.

CONSULTAS E EXAMES
As profissionais concordam que as visitas ao médico-veterinário precisam se tornar mais frequentes no caso de gatos idosos. Para Vanessa, o ideal seria fazer uma consulta a cada quatro meses. “E os gatinhos com doença crônica já diagnosticada podem precisar de uma avaliação com uma frequência maior ainda. Tudo dependerá do estilo de vida do gatinho, do seu comportamento e da doença”, ressalta. Já para Melissa, o intervalo entre as consultas de gatos idosos pode a cada seis meses. Ela conta que, em seu check-up geriátrico, ela realiza não apenas exames de sangue – que seriam para a avaliação da glicemia, do colesterol, dos triglicérides e das funções renal e hepática – mas também de imagem, como ultrassom abdominal e raio-x de tórax e de coluna. “Tudo para poder avaliar se está tudo bem com esse paciente, pois ter um diagnóstico precoce de determinadas patologias faz com que o gato tenha uma sobrevida mais longa e melhor”, esclarece. Vanessa acrescenta que os testes diagnósticos recomendados para essa fase da vida dos gatos, segundo as diretrizes para os cuidados com gatos idosos, incluem inicialmente hemograma, exames bioquímicos para avaliação renal, hepática e eletrolítica, urinálise, investigação de hipertireoidismo e aferição de pressão arterial. E, de acordo com os resultados, podem ser necessários testes auxiliares para uma melhor investigação, incluindo exames de imagem e testes hormonais, dentre vários outros.

Nossos agradecimentos:
Melissa Orr, Médica-veterinária com pós-graduação em Medicina Felina pelo Instituto Qualittas. Atua exclusivamente em clínica de felinos há mais de 10 anos
Vanessa Zimbres, Médica-veterinária graduada pela Universidade Federal de Uberlândia (2005), com Especialização em Medicina de Felinos pela Anclivepa (2009) e Pós-Graduação em Clínica Médica e Cirúrgica de Felinos pelo Instituto Qualittas (2015).

Por Lila de Oliveira


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