15 respostas ao preconceito de quem não tem gatos de estimação

Nós, gateiros, temos de ter uma “paciência de Jó” quando escutamos certos comentários preconceituosos feitos por quem não tem gato e não entende nada do universo dos gatos de estimação, não é mesmo? A gateira Wanderléa Rocha, de Belo Horizonte-MG, dona de Naomi, da raça Exótico, que o diga. Certo dia, quando estava na sala de espera do veterinário com sua gatinha, ouviu de uma menina de 6 anos de idade que não se deve colocar a mão em gatos, pois eles “machucam e avançam na gente”. Seu pai, ao lado, com um Yorkshire Terrier em seu colo, não se manifestou quanto ao comentário da filha.

Olhei para o pai dela e disse: “Gatos não ficam assim, se forem criados com amor e respeitados!” Com tal resposta, a criança tomou coragem e passou a mão na pelagem suave de Naomi. “Ela amou a sensação do pelo, o ronronar cativante e ficou encantada. O pai ficou calado, reservado em seu canto”, conta a gateira, que é uma entre tantas indignadas pelas injustiças que a ignorância faz com nossos amados felinos. “Tão injusto um animal já ser rotulado de traiçoeiro, mau, perigoso. Pior ainda é já incutir esse tipo ideia na cabeça de uma criança, que deveria estar vendo o lado bom das coisas”, desabafa. E este é apenas um dos relatos que costumamos ouvir por aí!

Luciana Deschamps, veterinária da clínica Sr. Gato, opina que a aversão a gatos é produto da dificuldade que o ser humano tem de olhar para dentro de si mesmo e assumir as coisas que gosta. “Portanto, quando olham para um gato, que lida tão bem com essas questões, se sentem indagados. Na verdade, se você é humano e se sente assim, precisa urgente de uma terapia lacaniana”, diz.

A seguir, confira respostas “diretas e retas” que podem ser dadas por nossos leitores sobre os principais comentários que denigrem a imagem de nossos queridos felinos.
 

1- Gato de estimação só gosta da casa e não do dono

Começamos esta reportagem desmitificando um dos maiores absurdos profanados por quem não conhece gatos. Segundo Luciana, esse mito existe pelo simples fato de que, no passado, há mais ou menos 40 ou 50 anos, gatos eram tratados como “funcionários” não remunerados nas casas, vivendo nos quintais principalmente para caçar ratos. Não estabeleciam nenhum contato com o ser humano, portanto, não construíam vínculos. “Eles viviam nos fundos e nos telhados, muitas vezes nem recebiam alimentos dos donos”, relembra Luciana.

Outro ponto, é que gatos são animais territoriais e não gostam de mudar de ambiente. Se sentem confortáveis no território deles. Contudo, hoje já se sabe que gatos tiveram evoluções no relacionamento que mantêm com seres humanos durante os 9 mil de anos de domesticação. Uma recente pesquisa realizada na Universidade de Oakland, por exemplo, mostrou evidências de que gatos são capazes de perceber se o dono está triste ou feliz e reagem de forma positiva, se esfregando, ronronando e miando para nós.

A grande descoberta reforça o que todo gateiro já sabe: gatos se interessam sim por seus donos e até conseguem identificar suas emoções. E não precisa ser pesquisador para perceber que gatos gostam de seus donos. Quando querem brincar e te chamam para participar, correndo pela casa e se escondendo em cortinas e outros esconderijos, é uma forma de mostrar que procuram interação com o dono.

“Gatos têm apenas uma maneira diferente de se relacionar com pessoas e com o ambiente e isso precisa ser compreendido por quem não tem gatos”, ressalta Naila Fukimoto, adestradora da Cão Cidadão. Muitos gatos até protegem seus donos de ataques e de assaltos (veja reportagem “Gatos de guarda”, na Pulo do Gato, edição 92). “Gatos amam seus donos de forma incondicional. Existem até casos de gatos que morrem pouco tempo depois de perderem seus donos”, enfatiza Luciana.
 

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