Como introduzir um novo gatinho em casa?

Conheça o passo a passo e deixe de acreditar em mitos sobre o assunto

Foto: Imagem de Lucjan por Pixabay

Você também concorda que ter somente um gatinho é missão quase impossível? Os felinos são seres apaixonantes, e ter mais de um já é realidade mundo afora. Mas você sabe como fazer a introdução de um novo gato em casa? Sabia que esta introdução não tem um período certo de duração mesmo sendo realizada de maneira correta? A expectativa de vida de um gato exclusivamente domiciliado é de 15 a 20 anos, então nada de apressar este processo de adaptação, pois ele é determinante para o bem-estar de todos os membros da família.
A especialista em comportamento felino e fundadora da Hom home Cat, Bruna Kievel, dá o passo a passo para que seus gatinhos possam conviver felizes e em harmonia.

PRIMEIROS DIAS
Depois de cuidar da saúde do novo integrante, com visita ao veterinário, vacinas e vermifugação, chegou a hora de levar o pet para casa. O primeiro passo indicado por Bruna é: “o novo gatinho deverá ficar isolado em um local da casa ao qual os gatos residentes não tenham acesso. De preferência, não pode ser o lugar favorito dos gatos residentes”.
Além disso, ela alerta que devemos considerar que o novo gato poderá viver neste ambiente por tempo indeterminado e, portanto, o local deve dispor de conforto e espaço e proporcionar todos os recursos necessários, tais como arranhador, cama e brinquedos, além, é claro, do comedouro, do bebedouro e da caixa de areia.

ADAPTAÇÃO GRADUAL
Quando esse gatinho já está habituado ao novo ambiente, passamos para a segunda etapa, em que é realizada a troca de cheiros entre os felinos da casa. “Esse processo pode ser feito trocando camas, arranhadores e brinquedos entre os cômodos. Isso permitirá que os gatos sintam os cheiros uns dos outros e se familiarizem com esse novo estímulo”, acrescenta.
A dica aqui é começar aos poucos. “Utilize cobertinhas e brinquedos conforme os residentes e o novo gatinho forem tolerando. Se a aceitação estiver sendo positiva, com uma toalha limpa esfregue o rostinho dos gatos, principalmente na lateral da boca e acima dos olhos. Esse ato estimula a liberação de feromônios e o bem-estar”, conta.

TROCA DE CÔMODOS
Na terceira etapa, é feita a troca de cômodos entre eles. Segundo Bruna, que também é enfermeira veterinária, os residentes passam pelo ambiente do novato, enquanto o novo gatinho recebe livre acesso à casa para explorar e conhecer o ambiente. “Nesse momento, é importante tomar cuidado para que não haja contato visual entre os gatos. Permita, caso o novato se interesse em utilizar a caixa de areia dos residentes. Isso auxiliará na mistura de odores mais peculiares”, complementa.
Enquanto isso, todos os indivíduos devem se sentir à vontade e sem expressar sinais de agressividade ou descontentamento. Caso esses comportamentos sejam detectados, o processo deverá ser desfeito imediatamente, retornando-os aos ambientes de origem. O tempo de exploração é variado, podendo levar minutos ou até mesmo algumas horas. “Passado este período, faremos o processo inverso. O novo gatinho retorna ao local de isolamento inicial, enquanto os gatos residentes retomam o acesso à casa. Essa etapa é considerada a mais importante”, diz. Bruna completa: “ofereça a comida predileta deles (sachês, petiscos), colocando o recipiente próximo à porta que divide os cômodos. Dessa forma, promoveremos um momento de associação positiva entre os indivíduos. Vale ressaltar que aqui é onde os gatos farão o primeiro contato visual. Assim que começarem a comer, um de cada lado, abra a porta que os separa de forma lenta e gradual”.
O processo só deve continuar caso os indivíduos estejam confortáveis e aceitando a interação. A partir do primeiro contato visual, a reação esperada é que eles literalmente se ignorem e continuem comendo. Caso contrário, interrompa imediatamente o processo e continue exercendo as etapas anteriores, pois, claramente, ainda não é o momento de socializarem. “Portanto, nunca se esqueça, quem determina o tempo de aceitação são os próprios gatos, principalmente os residentes”, explica.
Um dos maiores mitos da adaptação é de que passar baunilha no gato ajuda durante o processo. Não apenas prejudica como tira o cheiro do felino e pode causar problemas na pele, além de lambedura excessiva.

MISSÃO IMPOSSÍVEL
Sim, existem casos em que os gatos não se adaptam, mas a terapia ajuda para que esses animais vivam da maneira mais harmônica possível. O tutor não deve desistir, é um processo longo mesmo, cansativo por vezes, mas a insistência faz toda diferença.
Caso todas as tentativas forem feitas e os gatinhos não se aceitarem, a terapia fará com que os conflitos sejam menos frequentes e que o dia a dia seja mais tranquilo.

Agradecemos a colaboração de Bruna Kievele, Especialista em comportamento e bem-estar felino, certificada em Advanced Feline Behaviour pela ISFM (sociedade internacional de Medicina Felina) e pelo programa Cat Friendly Practice pela AAFP (American Association of Feline Practitioners), além de fundadorada Rom Home Cat, com atendimento individualizado. Atua também como enfermeira veterinária na Clínica Chaterrie Centro de Saúde do Gato, em Porto Alegre.


Por Juliana Faria


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