Conheça sete histórias que são exemplos de superação felina e de muito amor de quem os adotou e acolheu, dando-lhes mais uma chance de vida
Adotar pets com deficiência é um ato de amor e um desafio, pois exigem maiores cuidados e adaptações, dependendo de sua condição e saúde. Porém, felizmente, muitos têm um coração gigante e se dedicam ao bem-estar desses pets especiais. Um exemplo é Larissa Tanaka Onuki, de Curitiba, fundadora do Projeto Cão de Rodinhas, autora do livro infantil Argos, o cão de rodinhas e uma das responsáveis pelo lançamento de uma cartilha cheia de informações sobre como cuidar de pets com deficiência, a Cartilha de Cuidados do Pet com Deficiência, que também ajuda tutores de felinos especiais. Todas as dicas são aplicáveis tanto a cães quanto a gatos, como o importante procedimento para esvaziamento de bexiga, além de trazer a indicação de 17 perfis de Instagram de gatinhos especiais. Você pode pedir a cartilha impressa ou digital gratuitamente pelo: caoderodinhas.com.br.
A seguir, confira algumas histórias de heróis e heroínas da proteção animal e de seus gatinhos, que são mais fortes que o Super-Homem.
ZORING E JULIANA
O pequeno Zorig entrou na vida da estudante Juliana Otavia Pontes, de São Sebastião, SP, em 2020, com 1 mês de vida. No início, ela ficou um pouco receosa, pois nunca tinha cuidado de um gatinho com deficiência. Zorig nasceu com as patas da frente atrofiadas, portanto apresentava algumas dificuldades, como desvirar-se. “Ele sempre foi o xodó de casa e precisava de uma atenção maior. Dormia comigo, gostava de ficar perto do travesseiro”, destaca a também tutora de 35 gatos e três cães. Quando Zorig completou 6 meses, veio a ideia de fazer o Instagram @zorigzeta, para mostrar um pouco de sua história e seus desafios diários. “Colocava fotos do dia a dia e, assim, ele começou a fazer alguns amicats. Em abril de 2021, através do Projeto Lunna, Zorig ganhou uma prótese”, conta Juliana. O pequeno estava indo bem na adaptação da prótese, mas, infelizmente, acabou falecendo logo após, pois também era portador FIV, tinha apenas um rim e sofria de anemia profunda em decorrência da doença. “Hoje, com mais de 10 mil seguidores no Instagram, encontro uma maneira de eternizar esse guerreiro, que comoveu tantos corações”, finaliza.
Foto: Zorig nasceu com as patas dianteiras atrofiadas, mas teve a sorte de ter Juliana em seu caminho – Foto: Instagram: @zorigzeta
Thomas e Rivaneide
O gatinho com lábio leporino Thomas nasceu na casa da gateira e dona do lar Rivaneide da Silva, de Natal, ou Neide para os íntimos. “Adotei uma gatinha da rua e ela veio prenha. Ele e os três irmãos nasceram dia 4 de dezembro de 2016”, conta a tutora, que, nos primeiros dias de vida de Thomas, já percebeu que ele era diferente. “Além de ser mais magrinho que os demais, percebi que tinha algo em seu nariz. O veterinário me alertou que se tratava de lábio leporino e que seria preciso fazer cirurgia”, relembra. Thomas não tinha fenda palatina (um fator complicador), somente fissura labial, mas ainda assim não conseguia sugar o leite de sua mãe, o que exigiu algum esforço de sua tutora para que pudesse alimentá-lo pela seringa. “Hoje, Thomas é um gato forte que tem uma vida normal. Só tem dificuldade de comer ração de grãos bem pequenos, então compro a ração de grãos maiores”, aponta. Embora Thomas tenha sua própria conta de Instagram (@thomaslabioleporino), Neide posta mais fotos dele e seus outros 21 gatos na página @neidegateira.
Foto: Thomas nasceu com lábio leporino, mas Neide, sua tutora, cuidou dele com muito amor, e hoje ele é um gato forte e feliz – Foto: Instagram: @neidegateira
PERNINHA E MARCELA
A bibliotecária Marcela Reinhardt de Souza, de Florianópolis, conta que Perninha foi encontrado em um saco de lixo no dia 8 de agosto de 2015. Ao levarem Perninha ao veterinário, descobriram que as perspectivas dele não eram boas. “Ele foi internado, seu fígado estava bem ruim e rins no limite. A cirurgia para amputar a perninha foi necessária por haver fratura exposta. Foram duas cirurgias e três meses de internação”, relata Marcela. Muitas pessoas tentaram ajudar o bichano, criando a página Ajude o Perninha. Quando Perninha teve alta, Marcela o levou para sua casa como lar temporário. “Foram feitas muitas campanhas para adoção, mas ele era muito medroso e agressivo, era difícil chegar perto dele, além de ser FIV positivo. Eu e ele criamos um vínculo e, com o tempo, foi inevitável assumir que já o tinha adotado! Foram muitos dias até conseguir mostrar a ele que ele poderia confiar nos humanos, e hoje ele é supercarinhoso. Claro que ainda é um gato assustado, mas adora um carinho, adora deitar junto comigo e vive uma vida normal, igual às outras duas gatas da casa”, compartilha a tutora, que tinha medo da dificuldade do gato de se adaptar à amputação, mas tudo foi mais fácil do que ela imaginava. “Ele aprendeu a se equilibrar bem para caminhar e ficar em pé quando precisa. Os brinquedos ficam no chão, por uma questão de acessibilidade. Em 2019, Marcela criou o Instagram @perninhaogato. “Perninha é um exemplo de um gato guerreiro. Nunca deixou de se alimentar e sempre se manteve curioso e ativo”, finaliza.
Foto: Perninha foi resgatado de um saco de lixo, mas aprendeu que o amor é possível quando Marcela o acolheu – Foto: Instagram: @perninhaogato
Bali, Buda, Lalinha e a tutora Joana
Buda e seus irmãos Bali e Lalinha foram encontrados no lixo e resgatados por uma protetora que não tinha condições de adotá-los. E é aí que entra a biomédica Joana Paes Leme, de Niterói, RJ, que assumiu os custos do tratamento médico dos bebês, a fim de encontrar um lar para eles. “Sou coordenadora de uma campanha de adoção em Niterói e já estou habituada a resgatar, reabilitar, castrar e doar, mas os três irmãos precisavam de mais tempo do que os outros que eu já havia resgatado. Tiveram fungo pelo corpinho e rinotraqueíte. Foram cinco meses até que pudessem ter contato com os outros gatos”, compartilha Joana. Os três filhotes nasceram com agenesia e microftalmia bilateral. Por isso, Buda e Bali foram enucleados, pois seus olhos não eram funcionais. Já Lalinha teve seus olhos preservados, pois tem alguma percepção de luz, ainda que bem pouca. “Como os três irmãos eram muito unidos, decidimos adotá-los para que não fossem separados e, além do mais, nos apegamos demais a eles”, conta Joana.
“Eles não possuem a consciência de que são cegos, então apenas agem pelo instinto de serem gatos. Ficamos apenas atentos para garantir a segurança deles, retirando objetos perigosos e pontiagudos da casa, por exemplo. Quando estão dormindo e nos aproximamos, ‘avisamos’ que estamos chegando para não os assustar”, destaca a tutora, que criou o Instagram @budasoul em outubro de 2018 após amigos pedirem que Joana divulgasse a história dos gatinhos para ajudar outros animais especiais.
Foto: Lalinha, Bali e Buda: resgatados do lixo por Joana, hoje estão muito bem, obrigada! Foto: Instagram: @budasoul
Olívia e Maria Eduarda
A estudante Maria Eduarda de Medeiros Borazo, de Guarapuava, PR, não imaginava o acidente que estaria por vir quando a pequena Olívia, gatinha Persa da família, se aproximou de sua Buldogue Francês para brincar. “Estávamos viajando todos juntos para justamente buscar a Olívia filhote do gatil. Na época, minha cachorra estava com alguns problemas hormonais que a deixavam muito agressiva e acabou mordendo Olívia quando esta se aproximou para brincar. Como ainda era filhote, Olívia quebrou vários ossos do crânio e da mandíbula e acabou tendo que retirar o olho esquerdo. Os veterinários falaram que Olívia só sobreviveu por um milagre”, lamenta Maria Eduarda.
Hoje Olívia vive uma vida quase totalmente normal. Brinca e corre como os outros seis gatos. “Ela apenas tem um pouco de dificuldade quando está brincando com objetos muito pequenos, pois acaba os perdendo de vista. E também, devido aos ferimentos que teve na mandíbula, não consegue comer alguns alimentos rígidos sozinha”, descreve Maria Eduarda, que criou o Instagram @amores.de.quatropatas para compartilhar fotos e a rotina dos felinos e outros quatro cães da família. “Olívia é o nosso milagre, que provou desde pequenininha que é muito forte. É o xodozinho da casa”, finaliza.
Foto:
Olívia perdeu a visão de um olho por um acidente, mas sua tutora não desistiu dela
Foto: Instagram: @amores.de.quatropatas
Sushi e as tutoras Carla e Verônica
A produtora Carla Camargo Mendes Kyrillos e a autônoma Verônica Angelico, de Campinas, SP, não resistiram quando viram uma foto do Sushi nas redes sociais, na época, para adoção, e o adotaram em 2020. “Ele estava há mais de 4 anos no abrigo, tinha mais de 10 anos, era pretinho e sem uma orelha”, relembra Carla. As tutoras não sabem ao certo o que aconteceu com Sushi, mas ele possui vários probleminhas de saúde. “Acredito que tenha sido atropelado, pois os ossos são calcificados tortos. Foi resgatado na rua já muito debilitado e tinha muita bicheira no ouvido. Por isso tiveram que retirar o canal auditivo, o que causou a Síndrome Vestibular, a Síndrome de Horner e a cegueira. Ele também tem Doença Inflamatória Intestinal, Doença Renal e Bronquite”, lista Carla, que cuida de seu pequeno com afinco. “Temos que medicá-lo todos os dias, supervisionar a alimentação dele, que tem que ser especial e em um curto intervalo de uma para outra. Como ele não pisca, temos que lubrificar seus olhos com colírio diversas vezes ao dia. No frio, colocamos roupa para a bronquite não atacar. Check-ups no veterinário acontecem várias vezes ao ano”, aponta Carla, que desde 2015 alimenta o Instagram @bigodedogato, que, de loja virtual, passou a ser também um canal de “contação” de histórias dos gatos Sushi e Habib, e a rixa eterna deles para ter a atenção das mamães, além do dia a dia dos outros nove felinos que moram com eles. “O feedback é maravilhoso, temos milhares de fãs que interagem, torcem por eles e comentam as histórias. O carinho que os seguidores têm por eles é emocionante. Eles chegam a chorar quando não estão bem, fazem corrente de energia para melhorar mais rapidamente”, finaliza Carla.
Foto: Sushi sofreu quase a vida toda, mas aos 10 anos foi adotado por suas mamães, mostrando que nunca é tarde para amar e ser amadob – Foto: Instagram: @bigodedogato
Osama e Mariana
A autônoma Mariana de Oliveira Moreira, de Taubaté, SP, adotou o gatinho Osama há um ano, quando foi morar com seu namorado. “Vi uma publicação no Facebook de uma moça que o estava doando pois, segundo ela, o filho estava com alergia ao gato, e foi a melhor coisa que fizemos”, relembra a tutora. Como na casa onde mora Mariana não consegue telar totalmente o terreno, Osama estava acostumado a dar umas voltinhas na rua. Um dia um acidente aconteceu. Osama foi atropelado. “No dia do acidente, achei ele na calçada de casa, encolhido, e com sangue no chão. Saímos correndo para o hospital veterinário e conseguimos salvá-lo. Ele ficou uma semana internado, e a única sequela que ficou do acidente foi o olhinho cego”, conta. Hoje, Osama está ótimo! “É o melhor caçador que já vi, até morcego ele pega. Percebemos que, depois do acidente, ele ficou mais independente. Nós ficamos mais no pé dele. Quando percebemos que ele saiu de perto, chamamos até ele voltar e, quando saímos, deixamos ele sempre dentro de casa. Ele deu uma sossegada também, e só fica em cima do telhado”, relata a tutora. “Osama é um gato muito esperto, travesso e brincalhão. Às vezes, parece até gente. É o grudinho da mamãe e o rei da casa”, finaliza.
Foto: Osama perdeu a visão de um olho em um acidente, mas, com o amor e a dedicação de Mariana, leva uma vida normal – Foto: Arquivo pessoal de Mariana de Oliveira Moreira
Por: Samia Malas
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