10 dicas para quem quer começar a treinar o gato

Conversamos com a consultora de comportamento e bem-estar felino Marla Rodrigues para entender quando, onde, como e o que devemos ensinar aos nossos bichanos para lhes trazer mais qualidade de vida

Foto: Svetlana Sultanaeva/iStockphoto

O treinamento de gatos é benéfico tanto para os pets quanto para seus tutores, já que, além de proporcionar aprendizado e exercitar a inteligência, é um momento de lazer e estreitamento de laços. A prática pode ajudar o animal a se relacionar melhor com as pessoas, com outros animais e até na convivência com outros gatos e também pode ser útil em situações como cortar as unhas, andar na caixa de transporte e fazer consultas e exames, entre outras. Confira, a seguir, os pontos de atenção para que o treinamento seja ao mesmo tempo eficaz e agradável.

1. NÃO DEIXE O GATO “TREINAR” VOCÊ
Os próprios tutores podem e devem treinar seus gatos, de acordo com Marla Rodrigues. “Costumo dizer que, se não treinarmos nossos gatos, eles vão nos treinar para conseguir o que quiserem, quando quiserem”, diz a consultora de comportamento e bem-estar felino. O treinamento melhora a relação com os gatos, pois ajuda a evitar ou redirecionar comportamentos indesejados, como tentar escapulir toda vez que abrimos a porta de casa ou miar excessivamente, para citar alguns exemplos.

2. QUANTO MAIS JOVEM, MELHOR
O desenvolvimento psicológico inicial dos gatos ocorre entre 2 e 7 semanas de idade, quando eles passam menos tempo mamando e mais tempo explorando o ambiente. Também estão mais abertos a novas experiências e com sede de aprender sobre o mundo. Quanto mais cedo o treino começar, melhor para os pets e para os tutores, pois eles terão maior probabilidade de se tornarem gatos adultos sociáveis e fáceis de manejar. Mas também é importante dizer que gatos adultos e idosos têm total capacidade de aprender truques e cooperar com os cuidados, desde que seja oferecido um treino adequado a suas necessidades, seus gostos e limites.

3. INFORME-SE SOBRE A ESPÉCIE
Os nossos felinos têm inúmeras particularidades e, portanto, o primeiro item indispensável ao treino é o conhecimento sobre a espécie, incluindo seus comportamentos naturais e suas diferentes formas de comunicação.

4. CONHEÇA BEM O SEU PET
Além das características gerais sobre a espécie, antes de treinar seu gato é preciso conhecê-lo muito bem, nos mais diferentes aspectos, como idade, estados de saúde e emocional, hábitos, preferências, limites, necessidades e, principalmente, temperamento. “Quanto mais o tutor se envolve, curte e conhece seus gatos, melhor é a vida deles”, opina Marla, que exemplifica: “se precisamos treinar dois gatos a usar a caixa de transporte para viajarem de avião com seus tutores, se um deles for tímido e medroso e o outro for curioso e sociável, as abordagens serão completamente diferentes, pois, apesar do objetivo comum, haverá necessidades, restrições e tempos diferentes para aprender, se habituar e, finalmente, relaxar na caixa de transporte”.

5. PET ALERTA
A hora ideal para o treino é quando o gato está mais ativo, como de manhã cedo ou ao entardecer. Mas, como nem sempre é possível conciliar com a nossa rotina, o importante é ter consistência nos horários e frequência, para aumentar a previsibilidade e a sensação de controle.

6. LOCAL FAMILIAR
Procure fazer o treino em um ambiente no qual o pet se sinta seguro e relaxado. É importante minimizar as possíveis distrações e deixar petiscos e equipamentos à mão, para evitar interrupções. Se for uma casa multicat, o ideal é começar a treiná-los separadamente. Os outros gatos devem ser direcionados a outros locais da casa.

7. DEFINA OS OBJETIVOS DO TREINO
O primeiro passo do treinamento é ensinar o gato a associar um estímulo (comando de voz, som, gesto ou ação) a uma recompensa (petisco, brinquedo, carinho, elogio). A partir daí, pode-se avançar gradativamente em direção ao objetivo desejado. É importante ter a finalidade bem definida. Por exemplo, ensinar a aceitar cortar as unhas, andar tranquilamente na caixa de transporte ou mesmo para criar uma brincadeira agradável e intelectualmente desafiadora.

8. ESTÍMULO E RECOMPENSA
Novos comportamentos são aprendidos se forem recompensados imediatamente após ocorrerem, para que tal ação seja corretamente apreendida pelo animal. Por exemplo, dar a patinha ou entrar na caixa de transporte voluntariamente são comportamentos desejados. A recompensa pode ser o petisco preferido, grãos de ração, caldinho de sachê ou patê e até petiscos não convencionais, como um pedaço de fruta, frango cozido ou um pouquinho de iogurte natural… E, se o pet não for fã de petiscos, vale usar seus brinquedos preferidos. O importante é que o gato goste do que vai receber, para que tenha curiosidade e interesse em repetir o comportamento.

9. RESPEITE OS LIMITES DO GATO
Em geral, as sessões de treino não devem ser muito longas. Devem durar enquanto o gato estiver se sentindo bem e interessado em fazer os exercícios. Às vezes, é um tempo bem curto e que deve ser bem aproveitado. Por isso é importante ter um planejamento e ir aos poucos construindo e consolidando cada etapa do treino, sempre observando as reações e respeitando os limites do gato.

10. SEJA PACIENTE
Para atingir nossos objetivos, precisamos ajustar as expectativas e aprender a observar e respeitar o ritmo de aprendizado dos gatos. Quando nos apressamos nas fases do treino, podemos criar uma situação frustrante tanto para o tutor quanto para o gato, o que vai se refletir nos resultados – ou na falta deles. Nossos amigos felinos são muito inteligentes e têm sentidos muito apurados e, ao mesmo tempo em que são exploradores curiosos, também são estratégicos e cautelosos. Podem gostar muito, mas também podem temer uma novidade, a depender de como ela for introduzida. Quando se deparam com algo que não conseguem entender, ou quando não conseguem realizar uma atividade, podem se sentir frustrados, gerando desinteresse ou até desistência.

Agradecemos Marla Rodrigues, Consultora de comportamento e bem-estar felino, especializada em Comportamento Animal pela PUC Minas, Certificada AAFP Cat Friendly Veterinary Advocate, IAABC Supporting Member e autora do Blog Gatinhos Problema. Instagram: @gatinhosproblema, site: gatinhosproblema.com.br, e-mail: [email protected]

Por Lila de Oliveira


Clique aqui e adquira já a edição 141 da Pulo do Gato!