Azar? Gatos pretos só trazem é sorte na vida das pessoas!

Injustiçado ao longo dos séculos, o gato preto, ainda hoje, precisa lutar contra o preconceito de muitas pessoas que o identificam como um símbolo de mal agouro. Nas sextas-feiras 13 e durante o mês de outubro, a batalha é ainda mais árdua. Afinal, no dia 31 deste mês, acontece o Halloween, a festa das bruxas.
Claudia Schroeder Rinaldi, dona de casa, de Guarulhos-SP, contesta veementemente essa superstição. Para ela, se o felino preto é sinal de alguma coisa, só pode ser de sorte. Ela teve sua vida transformada graças a um: conseguiu superar uma difícil depressão e atribui grande parte da recuperação a Huguinho, um bichano tão escuro quanto a noite. “Após dois meses de isolamento trancada em casa, resolvi caminhar no Bosque Maia, em Guarulhos-SP. Para minha surpresa, encontrei um gatinho preto preso numa das diversas árvores”, lembra. Ela solicitou imediatamente a ajuda de um funcionário do bosque para resgatá-lo. O pequeno animal estava desnutrido, cabia em suas mãos. “Foi quando eu fiz uma oração, prometendo que, se ele resistisse, eu nunca deixaria de resgatar outros gatos abandonados nas ruas e também que eu venceria aquela depressão”, emociona-se.
Hoje, o peludo tem 3 anos, pesa 8,3 kg e esbanja saúde. Cumprindo com sua promessa, Claudia já resgatou e ajudou mais de 100 gatos abandonados e vítimas de maus-tratos a encontrarem novas famílias. “A maioria dos meus resgates foi de gatos pretinhos, que geralmente sofrem muito preconceito e não despertam tanto interesse da sociedade”, detalha. Sim, o preconceito machuca, e muito. Um triste exemplo é que a gateira encontrou, no mesmo local do resgate de Huguinho, os irmãos dele mortos, vítimas de agressão.


Huguinho e Claudia, que superou uma depressão com a ajuda do gato
Foto: Arquivo pessoal
 
Cuidado com seu amigo felino
Se você conta com a companhia de um gato preto, é preciso muita atenção para evitar que ele tenha acesso à rua em qualquer período do ano (Na verdade, felinos nunca devem ter acesso à rua, saiba mais na edição 91 da Pulo do Gato). Em outubro e nas sextas-feiras 13 então, a atenção deve ser mais que redobrada. Segundo Andréa Moraes, voluntária ativa na ONG Adote um Gatinho, de São Paulo-SP, muitas pessoas procuram felinos pretos durante esse período com o intuito de utilizá-los em rituais. A organização, inclusive, já resgatou animais mortos e com ferimentos graves por causa da prática de determinadas seitas. “Durante essa época, a gente redobra os cuidados com os gatinhos pretos. Evitamos, por exemplo, doar àqueles que dizem que fazem questão de um pretinho 100% dessa cor, sem nenhuma manchinha”, ressalta. “Procuramos conhecer a pessoa antes e, se for preciso, adiamos a adoção, ou até a negamos se não estivermos totalmente confiantes de que trata-se de um lar seguro com tutores responsáveis.”
 
Preconceito histórico
Durante muito tempo, gatos, independente da cor, sofreram preconceito. Felizmente, o mundo evoluiu e a população felina nos lares brasileiros cresce a cada dia. Contudo, de todos os padrões de pelagem dos bichanos, o preto ainda é um dos principais alvos de discriminação. Mas, afinal, por quê? A resposta pode ser encontrada na história.
Na idade média, muitas lendas negativas surgiram acerca do animal de pelagem escura. Acreditava-se que ele era hospedeiro de espíritos do mal e que as bruxas tinham o poder de se transformar em felinos pretos. Desde então, eles têm sido associados à bruxaria e magia negra. O papa Gregório IX que o diga. Em 1227, ele iniciou uma cruel caçada aos gatos, chegando a redigir um documento oficial que relatava que os gatos, principalmente os pretos, eram encanações do diabo. A partir de então, os europeus iniciaram uma incansável perseguição e milhares de bichanos foram mortos ao longo dos anos. A consequência dessa carnificina seria vivenciada pelos homens cerca de um século depois. O continente foi devastado pela peste negra, transmitida pelos ratos, que ficaram sem seus principais predadores, os gatos. 
Apesar de ter surgido há muito tempo, o preconceito ficou enraizado em diversas sociedades, principalmente as ocidentais. Mas, felizmente, a passos lentos a discriminação vem diminuindo. “Graças às várias campanhas e matérias que foram produzidas sobre os gatos pretos, o preconceito diminuiu”, avalia Andréa. Afinal, sejam pretos, brancos, amarelos, tigrados, bicolores, tricolores… não importa a cor, gatos sempre são sinal de sorte na vida daqueles que podem contar com a companhia deles. “Temos de considerar que gatinhos são todos iguais. A pelagem, como costumamos dizer, é apenas a roupinha, não tem absolutamente nada a ver com superstições.”, conclui.

Sinônimo de azar? Não mesmo!
Se para alguns os bichanos pretos trazem azar, em muitas culturas eles representam sorte. Por exemplo, não é novidade para você, leitor amante de gatos, que os egípcios adoravam os felinos. No Egito antigo, a deusa Bastet era representada por uma mulher com cabeça de gato, geralmente pintada em uma coloração escura. Na Inglaterra, no Japão e na Irlanda também atribui-se energias positivas aos gatos pretos, considerados símbolos de boa sorte. No século XVII, o inglês Rei Charles I, inclusive, sempre estava ao lado de um animal dessa cor. Ele acreditava que sua sorte estava ligada ao pet, tanto que guardas vigiavam e protegiam o felino de qualquer acidente. O bichano morreu e, logo depois, o monarca foi preso e executado.
 Estima-se que há 22 raças de gatos que podem ter a pelagem completamente preta, como Bombay, British Shorthair, Maine Coon, Oriental, Persa, entre outras.


Foto: www.animalcafes.com

No Japão, há um cat cafe perfeito para os apaixonados por gatos pretos. Localizado na cidade de Himeji, o estabelecimento abriga apenas felinos de cor escura. Além de tomar um café quentinho na companhia dos bichanos, é possível divertir-se com eles, já que há uma variedade enorme de brinquedos à disposição. Para facilitar a identificação, cada gatinho possui uma bandana de uma cor específica amarrada ao pescoço. O local conta ainda com uma coleção de mangás (história em quadrinhos japonesas) e revistas sobre gatos.