Consulta sem estresse

A visita ao médico veterinário deve ser encarada de forma positiva pelo animal, já que é necessário levá-lo periodicamente. Muitos tutores sofrem quando precisam visitar uma clínica, devido ao estresse que isso causa em seu bichano. Essa insatisfação pode ser causada pelo manejo equivocado por parte do tutor nas primeiras idas ao consultório e/ou pela associação do local a procedimentos dolorosos. Em geral, o odor do consultório já provoca respostas de medo.

Geralmente a primeira visita ao veterinário acontece na 6ª semana de vida. Nesse período também ocorrem o desenvolvimento social do filhote e a familiarização com novos ambientes. Portanto, o que é aprendido durante essa fase tende a ser duradouro, ou seja, constituirá a base para a estruturação dos padrões de comportamentos típicos de um animal adulto e será determinante para a presença ou a ausência de problemas comportamentais no futuro. 

“Promover associações positivas durante a visita ao veterinário e habituar os animais com os procedimentos indispensáveis para o exame físico, higiene e vacinação é essencial para a construção dos vínculos: veterinário–tutor, veterinário-animal e tutor-animal”, afirma a médica veterinária e especialista em comportamento animal Ceres Faraco, parceira da Comissão de Animais de Companhia (Comac), do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan).

Já que os pets serão tocados e inspecionados diversas vezes ao longo da vida, é recomendado que a tolerância aos procedimentos seja desenvolvida desde filhote, com a manipulação frequente e cuidadosa pelos familiares. O objetivo é que tais momentos se tornem lúdicos, inseridos num contexto de brincadeiras compartilhadas por todos os membros da família. Na prática, o exercício consiste em toques suaves nas orelhas, patas, focinho, pele, cauda e pelos.

A primeira visita à clínica veterinária deve ser apenas um passeio que antecede a primeira consulta para familiarização do pet com o local e o profissional. “Em continuidade, antes e depois da primeira vacina, o tutor pode oferecer uma guloseima para que o filhote associe a vacina com algo positivo”, diz Ceres.

Se o animal apresentar comportamentos aversivos, não deverá receber reforços (consolos ou broncas). A conduta tranquila do tutor é fundamental para estruturar essa experiência, como um evento merecedor de baixa reatividade. Dessa forma, os animais desenvolvem condutas confiantes e receptivas, assegurando o bem-estar de todos os envolvidos.