Atualmente os animais de companhia vem recebendo um tratamento especial, passaram a ter status de membros da família, com direito aos mais sofisticados tratamentos e cuidados e, por isso, a preocupação com sua origem, começa a aparecer. Essa preocupação deverá nos próximos anos ser a responsável pela seleção e eliminação dos criadouros de “fundo de quintal”, onde os animais são considerados “máquinas de produção” e cuja principal preocupação é com a parte econômica. A exploração animal atinge pontos lamentáveis, como fêmeas que são submetidas a cruzamentos diversas vezes ao ano e confinadas em espaços reduzidos.
Será que é possível conciliar criação e bem-estar e ainda ter resultados positivos na comercialização?
Esse é o grande desafio de quem cria porque é apaixonado pela espécie e busca, além de aprimoramento genético, qualidade de vida para os animais.
Uma série de etapas precisam ser atendidas para que se possa ter uma criação dentro dos padrões desejáveis, dentre elas, destacam-se:
– contratação de um médico veterinário;
– delimitação do espaço físico disponível;
– escolha da(s) raça(s)
– abertura do gatil
– abertura de empresa para criação e comercialização de animais
– aquisição dos animais
– cuidados diários e sanitários
– comercialização
– orientação aos proprietários
O especialista
O médico veterinário a ser contratado é o profissional que orientará desde a escolha das raças até o transporte para comercialização dos animais. Ele dará suporte em todas as fases da criação. Deve indicar a forma de construção das baias e solários, atendendo à legislação pertinente, a escolha das raças de acordo com as afinidades dos proprietários e com o espaço e investimento que se pretende fazer. Será o responsável pela sanidade animal, bem como, pela profilaxia de doenças.
Caberá ao médico veterinário o preparo da equipe que irá atuar no criadouro e a responsabilidade pela busca do bem-estar dos animais, evitando que os mesmos sofram estresse ou qualquer tipo de maus-tratos.
A delimitação do espaço físico
Ao ser construído o gatil, as “gaiolas” devem permitir que os gatos expressem os comportamentos naturais da espécie, ou seja, devem ter o tamanho ideal para que eles se exercitem, sintam-se acolhidos e protegidos de outros predadores e intempéries climáticas. Por conta disso, devem ser construídas respeitando-se a posição do sol e com cortinas “corta-vento” para evitar que sofram com o frio em dias de inverno rigoroso.
É necessário que as gaiolas sejam providas de materiais que permitam que os animais brinquem e se distraiam durante o tempo que permanecem no local. O enriquecimento ambiental fará com que os animais se sintam mais familiarizados e felizes.
Escolha das raças
É uma das principais etapas para o início de uma criação. O veterinário deve ser o mentor desse processo, mas a busca por informações por parte dos “futuros” proprietários é de fundamental importância. Eles devem ler artigos de diferentes raças, fazer buscas na internet para visualizarem imagem e dados dos animais, principalmente quanto ao peso, porte e pelagem. A visita a exposições onde se concentram diversas raças, pode ser uma boa experiência e oportunidade de conversar com criadores de diferentes raças e regiões.
Abertura do gatil
Consiste na regularização da criação por uma associação que cuida da recepção dos pedigrees dos pais e a confecção dos registros dos filhotes, conferindo a eles o padrão racial. Esse é um fator que difere uma criação séria, com animais de alto padrão genético e em condições de reprodução, daquelas onde há exploração animal e cruzas não programadas entre raças, sem preocupação com o “descanso” que a fêmea deve ter entre gestações. A federação ou associação a qual o gatil estará vinculado fornecerá as credenciais para que os filhotes produzidos nele possam participar de exposições e serem avaliados por juízes quanto ao padrão racial.
A abertura de empresa para criação e comercialização de animais
A denominação de microempresa é de fundamental importância porque permitirá a venda dos animais e a emissão de nota fiscal, mantendo o sistema de criação dentro dos critérios legais de venda exigidos no Brasil. Esse item também difere o criador sério dos criadores de “fundo de quintal” e passa a ser o determinante para a aquisição de animais por parte de algumas empresas que os comercializam. Projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional determinam a obrigatoriedade da emissão de nota fiscal de venda dos animais, alegando entre outros fatores já mencionados, também a necessidade de conhecimento da origem dos animais, ou seja, dos locais onde são criados.
A aquisição dos animais
É uma das etapas que traz maior satisfação aos proprietários, porém deve ser feita dentro de critérios rigorosos e com o acompanhamento do veterinário. Nesse momento, ações impulsivas como compra apenas pela beleza ou pela facilitação de pagamento não devem ser as norteadoras da aquisição. Padrão racial associado à sanidade dos animais são os principais requisitos para começar uma criação minimizando problemas futuros. Nesse momento, os interesses quanto a cores, marcações e índoles dos animais devem ser observados para que o futuro criador possa dar continuidade ao processo de aprimoramento racial.
Os cuidados diários e sanitários
São necessários, mas não devem sobrepor a necessidade de avaliações periódicas de seu animal por um veterinário.
Quando o animal é adquirido ele pode ficar por alguns dias num estado de estresse não se alimentando ou se alimentando mal. Nesses casos o novo proprietário deve ser paciente, logo ele voltará a se alimentar. Essa situação poderá durar até 1 dia, mas caso apresente diarreia, certifique-se de que a ração administrada é a mesma que ele vinha comendo antes, e se a diarreia persistir, dê a ele carne de frango desfiada e cozida (peito sem pele) com o caldo do cozimento engrossado com maisena. Quando a falta de alimentação ou a diarreia persistir por mais de 24 horas é preciso procurar orientação veterinária.
Na alimentação evite dar restos de comida, guloseimas, frituras, ossos, gordura animal e leite. Alimente-o com ração seca especial para filhotes até um ano de idade, ou para adulto quando tiver mais de 12 meses. Mantenha-a à disposição o dia todo. O gato gosta de “lambiscar” (comer pequenas quantidades) várias vezes ao dia. Ofereça a seu gato, também, como agrado, ração úmida (latinha). Evite carne vermelha crua, mas quando oferecer, atente-se para que ela tenha sido congelada em freezer, por pelo menos 48 horas, para evitar enfermidades como a toxoplasmose).
A água deve ser filtrada e disponível à vontade. Se possível introduza equipamentos que provoquem o movimento da água (fontes), isso despertará maior interesse do animal em bebê-la e reduzirá os riscos de problemas renais.
Os filhotes devem receber três doses de vacina, de preferência quádrupla e após os 120 dias já poderá ser vacinado contra a raiva. Importante: não exponha seu filhote ao contato com outros animais até que complete o esquema de vacinação. Após completar as primeiras vacinas, o animal deverá receber reforço anual.
Para suprir as necessidades fisiológicas do animal quanto às fezes e urina, coloque em uma bandeja ou caixa plástica com cerca de 1 cm de granulado higiênico e remova as fezes e urina constantemente.
Os gatos precisam receber escovação pelo menos duas vezes por semana, sendo necessários pentes e escovas apropriadas ao comprimento dos pelos. Além de mantê-lo com uma bela pelagem evitará a ingestão de grande quantidade de pêlos, quando o mesmo estiver se auto-higienizando.
O banho pode ser dado a cada 15 dias no verão e um por mês no inverno. Utilize shampoo específico para a espécie. É importante uma perfeita secagem para evitar fungos na pele (micose). É importante, também, protegê-lo do vento após o banho.
Limpe os olhos, regularmente, molhando um chumaço de algodão em um pouco de água filtrada, no caso de criações de gatos das raças Persa, Himalaia e Exótica.
São necessários cuidados no ambiente, onde o gato irá ficar. Instale grades de proteção nas venezianas e sacadas de sua casa ou apartamento para evitar acidentes. Não deixe que ele tenha acesso a herbicidas, fertilizantes, solventes, inseticidas e plantas que possam causar toxicidade.
Não dê qualquer medicamento sem orientação médica. Muitos medicamentos que são utilizados normalmente por cães e seres humanos podem ser letais para os gatos.
Nilton Abreu Zanco – Gatil Zanco