10 motivos para castrar felinos

Já conhecida e popular, a cirurgia de castração durante muito tempo foi permeada de mitos, diversos deles negativos. Nos últimos anos, contudo, o que tem atraído a atenção dos gateiros e gateiras são os benefícios que o procedimento pode proporcionar. A cirurgia, afinal, não é importante apenas para impedir que os gatos se reproduzam. Além de poder ajudar no convívio entre tutor e bichano, ela contribui para a saúde do animal. Ainda está em dúvida se irá castrar seu companheiro felino? Castrou, mas está com receio acerca do procedimento? Listamos 10 motivos que te farão ter certeza de que a castração é extremamente importante para seu gato.


Stock photo © YuriHope- Castração diminui as “escapadinhas” dos felinos, que ficam mais caseiros

 


DIMINUI A MARCAÇÃO

 

Gatos machos também produzem testosterona, hormônio responsável pelo comportamento típico masculino, entre eles a marcação de território por meio da urina. Geralmente ela é feita para mostrar que aquele local pertence ao bichano. Isso pode ocorrer, inclusive, dentro do ambiente familiar quando uma nova pessoa ou animal está presente ou perto do território que ele considera dele. Esse comportamento de marcação pode aparecer também em fêmeas, principalmente quando estão no cio. Nesse caso, a urina é considerada uma forma de comunicação entre os felinos.

Esse comportamento se reduz com a castração, a cirurgia retira os testículos, órgãos produtores da testosterona. Nas fêmeas o hábito de marcação também fica reduzido, pois não apresentam mais cio, período o qual elas mais demarcam território. Contudo, ainda assim, alguns gatos castrados podem continuar a apresentar esse comportamento. Na maioria das vezes a persistência se deve às mudanças ocorridas na rotina e no ambiente de convívio dos felinos, que podem causar estresse e ansiedade, gerando assim a marcação por parte do animal.


REDUÇÃO DE BRIGAS

 

Gatos machos brigam entre si principalmente para disputar potenciais parceiras. O comportamento agressivo também é gerado pela testosterona. Esse hormônio, que é o mesmo em todos os mamíferos, é importante para o macho, pois proporciona força muscular e agressividade necessária na vida selvagem. Na natureza, o gato mais forte e agressivo consegue maior número de fêmeas e mais alimentos para manter a prole, permanecendo como macho dominante. Com a retirada dos testículos, a ausência do hormônio faz com que cessem a maioria das brigas. Ainda assim, elas podem acontecer por outros motivos, como disputa territorial com a chegada de outro gato em casa, por exemplo, e disputa por alimentos. 

 


SAÍDAS SÃO MAIS RARAS
 

Um dos principais motivos das saídas frequentes dos gatos machos à rua é para procurar uma parceira. O comportamento sexual é produzido principalmente pela testosterona, principal hormônio masculino nos mamíferos. Sem testosterona o macho não tem mais libido (desejo sexual), tendendo a ficar mais em casa e menos agressivo. 

Já a fêmea, após a castração, também tende a ficar mais caseira porque não precisa procurar parceiro sexual. Dessa forma, reduz-se a possibilidade de acidentes automobilísticos e outros tipos de traumas mais frequentes entre os bichanos que se aventuram pelas ruas. No entanto, o gato é um caçador e pode querer sair de casa para caçar. Por isso, todo cuidado com o animal é pouco. Janelas devem ser teladas e portas devem permanecer fechadas.

 
Stock photo © Dixi_- Artigos científicos asseguram que felinos castrados vivem mais

PREVENÇÃO DE TUMORES

 

A cirurgia pode ajudar a prevenir o surgimento de tumores (câncer). No caso dos machos, destaca-se os que acometem os testículos, que, como qualquer outro órgão, podem apresentar neoplasias benignas ou malignas. Com a retirada deles isso não é mais possível. 

Já para as felinas, a castração é importante para evitar o câncer de mama, pois,  assim como as mulheres, elas também podem ser acometidas por esse mal. A castração evita o aparecimento da doença. Isso porque o câncer de mama em cadelas e gatas tem etiologia (causa) hormonal, sendo que, na maioria das vezes, ele se origina de desequilíbrios dos hormônios ovarianos. Com a castração os ovários são retirados, portanto não há possibilidade de ocorrência de distúrbios hormonais. 
 

É bom enfatizar que a prevenção do câncer de mama em gatas é mais efetiva quando se pratica a castração precoce, ou seja, antes do primeiro cio. Estudos mostram que, quando feita nesse período, a cirurgia previne a doença em quase 100%. Já se ela for feita após o primeiro cio, a proteção cai para 70% aproximadamente, a partir do segundo 50%, e a partir do terceiro a cirurgia não protege mais contra a doença, mas continua sendo benéfica por outros motivos.
 

A castração também evita a hiperplasia mamária felina. Essa doença causa aumento generalizado das mamas, que infere muita dor ao animal e pode levar à morte. Uma gata castrada, contudo, jamais desenvolve essa doença porque ela é causada por distúrbio hormonal ovariano, ou seja, os hormônios ovarianos apresentam anormalidades, que podem levar a cistos ovarianos e, consequente, desequilíbrio hormonal. A doença, inclusive, pode ser desencadeada pela administração de anticoncepcionais injetáveis. Com a retirada dos ovários, não há possibilidade de desenvolvimento da enfermidade e essa proteção independe da idade em que foi realizada a castração. A doença, contudo, é mais comum em gatas jovens.  
 

A castração evita a piometra, uma infecção de útero muito grave. Se não for tratada adequadamente, a gata pode até morrer devido ao problema. Uma gata castrada, porém, jamais desenvolve essa doença, independentemente da idade em que a cirurgia foi feita. Isso acontece porque, durante a castração, é retirada maior parte do útero da gata e como a piometra se caracteriza por acúmulo de pus dentro desse órgão, retirando-o eliminamos o problema. Além disso, em muitas ocasiões a doença se origina também de desequilíbrio dos hormônios ovarianos, que são extraídos na castração. É bom lembrar que anticoncepcionais injetáveis também podem fazer o animal ter piometra.  

  Stock photo © liveostockimages/ Cirurgia ajuda a evitar doenças infecciosas

MAIOR EXPECTATIVA DE VIDA
 

Vários artigos científicos atentam que gatas e gatos castrados vivem mais. A expectativa de vida, contudo, pode mudar com o comportamento social de gatos. Dessa maneira, felinos castrados domiciliados podem chegar a 20 anos. Se não for domiciliado, porém castrado, a expectativa de vida se reduz um pouco, mas pode chegar a 10 anos. Gatos de rua não castrados têm expectativa de vida muito curta, aproximadamente três anos. Tais dados específicos não são baseados em estudos científicos, mas em observações de médicos veterinários que trabalham com a espécie. O aumento da expectativa de vida em gatos castrados provavelmente se deve ao fato de que tais animais são menos sujeitos a traumas, brigas, neoplasias e doenças infecciosas.

Ana Maria Quessada- Graduada em Medicina Veterinária pela Univ. Est. de Londrina, fez mestrado pela UFMG e doutorado pela Unesp – Botucatu. Professora de clínica cirúrgica veterinária na graduação e pós-graduação na Universidade Paranaense (UNIPAR), de Umuarama-PR.