Cardiomiopatia Hipertrófica Felina: entenda essa doença

Foto: leaf/iStockphoto.com

Distúrbio que afeta o músculo do coração é a doença cardíaca mais comum em gatos, podendo acometer de 10 a 15 % da espécie felina

A mais comum das doenças cardíacas felinas é a Cardiomiopatia Hipertrófica Felina (CHF). Ela chega a afetar de 10 a 15% dos gatos e, apesar de todas as raças estarem suscetíveis a desenvolver a doença (inclusive os Sem Raça Definida), a enfermidade é mais comum entre os gatos Maine Coon e Ragdoll. De acordo com o médico-veterinário cardiólogo Fábio Issa, do Hospital Veterinário Pet Care, em São Paulo, a enfermidade é transmitida por herança hereditária e é mais frequentemente diagnosticada em gatos de meia-idade e em machos, embora também possa ser vista em gatos jovens ou idosos. “É uma doença que acomete a musculatura cardíaca dos felinos, causando o aumento da espessura das paredes do coração. Em consequência, ocorre a diminuição da cavidade do coração (ventrículo) esquerda. Estas alterações podem também acometer o lado direito do coração”, explica o médico-veterinário cardiólogo Ronaldo Jun Yamato, da clínica Naya Cardiologia, de São Paulo. “Outra consequência importante da doença é a piora na fase do relaxamento cardíaco, o que faz o coração bombear uma menor quantidade de sangue para o organismo e, assim, leva o paciente ao quadro de insuficiência cardíaca e à formação de coágulos dentro do coração”, acrescenta.

Sintomas da doença

“Os sinais da CHF podem ser: respiração acelerada, falta de ar, cansaço, desmaios, fraqueza e anorexia. O ideal é que, diante de qualquer mudança de comportamento no animal, o tutor procure um profissional para realizar o diagnóstico”, alerta Márcio Barboza, médico-veterinário e gerente técnico pet de empresa na área de saúde animal.

A principal complicação da doença é o tromboembolismo arterial sistêmico. Ele ocorre por causa da formação de um coágulo e da má circulação que estagna o sangue – semelhante ao que acontece nos seres humanos. “O tromboembolismo pode causar paralisia ou flacidez dos membros posteriores e muita dor ao animal”, esclarece Márcio. Quando não tratadas, a doença e a complicação podem levar o pet a óbito.

Diagnóstico

Para chegar ao diagnóstico da doença, o médico-veterinário irá se basear no exame físico, nas manifestações clínicas que o pet apresenta e em exames complementares, como o ecocardiograma, eletrocardiograma e radiografia torácica. A CHF é uma doença silenciosa, pois os sintomas só começam a surgir em estágios mais avançados e, portanto, check-ups anuais são importantes para a sua descoberta precoce. “É importante lembrar que, se você tem um gato com predisposição à CHF, é essencial incluir o ecocardiograma na rotina de exames dele”, complementa Márcio.

Não há cura

Infelizmente, não existe cura para a CHF, e a qualidade e o tempo de vida do pet acometido podem variar. “Se o animal com CHF tem uma hipertrofia discreta do ventrículo esquerdo, sem aumento do átrio esquerdo, o prognóstico é bom, e ele pode ter uma sobrevida média de 4 a 6 anos. Por outro lado, gatos com hipertrofia importante do ventrículo esquerdo têm um mal prognóstico, sendo a sobrevida média, após o diagnóstico, de 2 a 3 meses. Há ainda possibilidade de morte súbita”, esclarece Fábio. Contudo, uma vez que o pet acometido pela doença siga corretamente o tratamento e tenha acompanhamento veterinário frequente, ele pode ter uma boa qualidade de vida.

Tratamento

Sem uma cura definitiva, a doença, uma vez diagnosticada, deve ser controlada. “O intervalo das consultas depende da fase em que a cardiopatia se encontra, podendo variar de consultas semanais a semestrais. Nessas consultas, serão avaliados parâmetros importantes, como a frequência cardíaca, respiratória, entre outros. O exame ecocardiográfico, nesta fase de acompanhamento, é de extrema importância, porque ele evidencia a probabilidade de formação de coágulos intracardíacos, além de avaliar a velocidade de evolução da cardiopatia em questão”, descreve Ronaldo. Quando o pet ainda não apresenta sinais clínicos da doença, seu tratamento depende da condição do sistema cardíaco e da possibilidade de desenvolvimento de trombo no interior do átrio, no coração. Por isso a ecocardiografia torna-se um importante exame complementar nesta fase, explica o cardiólogo. “Nos pacientes em que a probabilidade de formação de trombo é alta, o tratamento sugerido é baseado nos fármacos do grupo dos antiagregantes plaquetários, com a finalidade de evitar a formação dos trombos.” Já quando o pet já apresenta os sinais clínicos da doença, o tratamento é baseado na prescrição de diuréticos, betabloqueadores, vasodilatadores e, em quadros mais graves,  inodilatadores.

 

Agradecimentos:

Ronaldo Jun Yamato
Doutor pela USP no Departamento de Clínica Médica/Serviço de Cardiologia da USP, Coordenador e Professor do Curso de Pós-graduação em Cardiologia Veterinária da Faculdade Anclivepa, sócio e proprietário da NAYA Cardiologia

Márcio Barboza
Médico-veterinário formado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, com Residência em Clínica Médico-Cirúrgica de Pequenos Animais pela USP e gerente técnico pet de empresa de saúde animal

Fábio Issa
Médico-veterinário formado pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, pós-graduado em Cardiologia pela Anclivepa e integrante do corpo clínico do Hospital Veterinário Pet Care, de São Paulo, desde 2006

Clique aqui e adquira já a edição 142 da Pulo do Gato!