Cegueira em gatos

Cegueira em gatos!

Problema ocorre de forma gradual e pode ser evitado se tratado adequadamente

Foto meramente ilustrativa. Stock photo © ertekmali

Os felinos domésticos estão entre os mamíferos mais sensitivos, tendo seus cinco sentidos bastante apurados. Dentre eles, a visão se destaca como um dos mais aguçados, porém, em certos casos, algumas enfermidades podem afetá-la, levando à cegueira. Essas doenças oculares de felinos, em sua maioria, geralmente têm um curso crônico, ocorrendo de forma gradual. Sendo assim, a cegueira pode ser evitada se a enfermidade for tratada adequadamente. Convém ressaltar ainda que quadros de cegueira repentina também podem ocorrer.

Dentre as causas da perda súbita de visão, destacamos:

• Doença renal crônica/ hipertensão
Gatos apresentam predisposição ao desenvolvimento da doença renal crônica, principalmente quando ficam idosos. A dieta essencialmente proteica, em longo prazo, sobrecarrega os rins, fazendo com que estes diminuam sua função de filtragem do sangue.
Proteínas que deveriam ser filtradas ultrapassam os rins sobrecarregando-os de forma a aumentar seriamente a pressão nesse órgão.
Dessa forma, se a pressão não for controlada, os gatos podem ficar cegos de repente.

• Diabetes melittus
Geralmente, a diabetes nos gatos causa problemas na retina. As altas taxas de açúcar no sangue alteram os vasos sanguíneos da região, podendo culminar numa cegueira súbita.

• Condições neurológicas/ inflamação no nervo óptico
O nervo óptico é o responsável por “transportar” as sensações visuais dos olhos para o cérebro. Por isso, qualquer processo inflamatório nele pode afetar a visão repentinamente, causando cegueira. As principais causas de inflamação no nervo óptico são: tumores, traumatismos, causas diopáticas (quando é desconhecida).

• Relacionada ao uso do antimicrobiano Enrofloxacina
Esta é uma rara condição de cegueira repentina. Trata-se de um antibiótico largamente usado na rotina clínica de felinos, sendo, inclusive, uma das primeiras escolhas para tratamentos de doenças do trato urinário inferior. A cegueira por uso de Enrofl oxacina normalmente está associada às altas doses do medicamento, exposição à luz solar durante o tratamento, longos períodos de utilização, acúmulo da droga no organismo, que acontece em casos de problemas renais que diminuem sua eliminação.

• Deficiência do aminoácido taurina
Geralmente é pouco comum, principalmente em gatos alimentados com rações comerciais que já possuem a taurina. Porém, a deficiência desse aminoácido pode causar cegueira, e a suplementação tardia dele não reverte o quadro de perda da visão.

Outras doenças oculares comuns nos gatos são as conjuntivites causadas por Herpesvirus e Calicivirus, glaucomas, úlceras de córnea (geralmente relacionadas às arranhaduras em brigas), peritonite infecciosa felina, uveítes, etc. Essas enfermidades também podem levar à perda da visão se não
tratadas adequadamente a tempo de conseguir revertê-la.

Meu gato está cego?

Como diagnosticar a cegueira e como donos de gatos podem perceber a perda gradual da visão? Em grande parte dos casos, a cegueira ocorre aos poucos nos felinos, nem sempre o tutor percebe que o gato está deixando de enxergar. Por isso, ao menor sinal de lesão ocular, como vermelhidão, presença de secreções, dilatação da pupila, um veterinário deve ser consultado. Sinais discretos, como esbarrar nos móveis da casa e evitar subir em locais mais altos, também podem ser indício. Gatos que ficam cegos de repente podem ficar transtornados com a perda aguda da visão, miando incessantemente. Porém, apenas o veterinário pode avaliar se o gato está realmente cego ou não por meio de exames, como avaliação do reflexo pupilar à luz, e outros. Uma vez confirmada a cegueira, o médico veterinário irá avaliar se esta é reversível ou não, investigando também a causa e, dessa forma, prescreverá o tratamento mais apropriado.

Como cuidar de um gato cego? Se, mesmo com o tratamento, o gato ficar cego ou se a cegueira for irreversível, é preciso tomar alguns cuidados para garantir qualidade de vida ao animal. Por exemplo, trocar móveis ou objetos de lugar, mexer na posição das caixas de areia, dos comedouros e bebedouros não é recomendado. Gatos com acesso à rua devem ser mantidos no interior das residências. A introdução de um novo animal na casa também deve ser evitada. “Converse” com ele com mais frequência, acostume-o a ouvir sua voz e chame-o pelo nome quando estiver se aproximando. Isso fará com que ele te reconheça e não se assuste quando estiver chegando perto dele. Essas medidas farão com que seu felino se adapte com maior facilidade ao fato de estar cego. Apesar dos limites impostos pela cegueira, gatos conseguem, com o tempo, se adaptar a essa condição, tentando suprir a falta de visão aprimorando os outros sentidos, por exemplo, o tato. Os bigodes funcionam bem para os gatos. Eles não devem ser aparados, pois conseguem tocar objetos antes que o animal se choque contra eles, ajudando em sua adaptação. Com o tempo, o gato leva uma vida normal e feliz ao lado do dono. As visitas ao médico veterinário devem ser feitas semestralmente, principalmente a partir dos sete anos, quando as doenças que podem causar cegueira são mais frequentes. Gato saudável é sinônimo de dono feliz!

Colaboração de Marcela Amorim de Almeida Médica veterinária, CRMV-RJ 8890
Clínica geral com aperfeiçoamento em Medicina de Felinos.
Responsável técnica e clínica na Pet Fantasy Veterinária, Leblon-RJ


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