15 dicas de cuidados com gatos

Como a maior responsabilidade dos gateiros é garantir a saúde e o bem-estar do companheiro de quatro patas, trouxemos um apanhado dos cuidados com gatos.

Muitos são os relatos que mostram o quanto gatos fazem bem à saúde humana. Até a Ciência já comprovou isso. Para crianças, eles as deixam mais fortes e resistentes a doenças e alergias. Nos adultos, aliviam o estresse com sua presença e interação. E nós? O que podemos oferecer, em contrapartida, de benefícios aos nossos gatos? Cuidar da saúde dos gatos é o “mandamento” número 1 de todo tutor responsável. Sendo assim, o manejo e os cuidados só dependem de você.

Estudo Pet 2013, divulgado pela Comissão de Animais de Companhia (COMAC), revelou que, durante a consulta com o veterinário, o que donos de gatos mais prezam são as dicas de nutrição, bem-estar e manejo. Por isso, consultamos nossos especialistas para listar 15 dicas que não podem ser deixadas de fora no trato com o pet. Aproveite essas recomendações e não prive seu gatinho de nenhuma delas, afinal, ele merece!

Confira o Guia de saúde do gato com 15 cuidados que garantem o bem-estar dele.


1. Contra as bolas de pelo

Ao se lamberem, como têm a língua áspera, gatos acabam engolindo pelos soltos presentes na pelagem, o que é comum. Contudo, esses fios precisam ser eliminados, pois não são digeridos pelo estômago do gato. Parte deles geralmente sai nas fezes, mas alguns podem permanecer no estômago ou no intestino delgado. Quando isso acontece, formam bolas de pelos, ou tricobezoares, como são tecnicamente chamadas, que podem diminuir o apetite, causar prisão de ventre, letargia, constipação, dificuldade de defecar, perda de peso sem causa aparente, ou até, em casos mais raros e graves, obstruir o intestino, problema resolvido apenas com cirurgia.

É por causa  dessas consequências que a escovação diária do gato é tão importante e não pode ser negligenciada. Ela retira o excesso de pelos mortos do corpo e evita que os bichanos os engulam. Durante a troca sazonal de pelagem, ou seja, no decorrer da primavera e do outono, as bolas de pelos costumam se formar com mais facilidade devido à grande quantidade de pelos soltos. Os gatos de pelagem longa se sentem ainda mais incomodados por elas, já que os fios alongados propiciam a formação de bolas de pelos.

Outro meio de expelir esse excesso de pelagem que foi engolida é o vômito. Entretanto, vômitos frequentes exigem atenção redobrada, pois podem sinalizar outras doenças, como intoxicações ou inflamações. Infelizmente, não há um consenso que defina um número limite dentro da normalidade para sinalizar o problema. Vomitar duas vezes no mês já pode ser considerado um número excessivo, caso não haja intervalo de pelo menos um dia entre os episódios.

Como prevenção, existem produtos no mercado, como pastas ou petiscos para gato, que ajudam a eliminar as bolas de pelos. Dar alimentos de qualidade super premium também auxilia na prevenção, pois como são ricos em fibras, melhoram a motilidade intestinal. Suplementação de ômega 3, poderoso antioxidante e anti-inflamatório natural que ajuda na qualidade da pele e da pelagem, também pode ser indicada, mas deve ser receitada por um médico veterinário. 

Stock photo © Ryhor Bruyeu


2. Livre de vermes de gato!

Todos os gatos estão sujeitos a infestações por vermes intestinais e os não domiciliados estão ainda mais expostos a elas. Como prevenção, gatos filhotes devem ser vermifugados a partir dos 15 dias de vida e repetir a dose após duas, quatro, oito e doze semanas. Isso feito, o vermífugo deve ser administrado mensalmente até que o gato complete seis meses de vida. Em gatos adultos, pode ser feita a cada 4 meses ou mais, dependendo do estilo de vida que levam, isto é, gatos domiciliados (que não têm acesso à rua ou a quintais com terra) estão menos propensos a apresentarem infestações por vermes, sendo assim podem ser vermifugados a cada 4 meses, e gatos de vida livre ou que vivem em ambientes com jardins ou áreas com terra estão mais propensos a sofrerem infestações por vermes e devem ser vermifugados a cada 3 meses. Lembrando que a cada aplicação, o gato deve receber reforço após 15 dias.

Fêmeas que serão acasaladas devem ser vermifugadas antes do acasalamento e 10 dias antes do parto para garantir que os filhotes nasçam livres de vermes. Caso a fêmea tenha ficado prenhe sem que antes tenha sido vermifugada, deve-se realizar o acompanhamento pré-natal com ultrassonografia para que o veterinário possa estimar a provável data do parto e, assim, indicar a vermifugação da mãe no final da gestação. 


3. Pelagem de gatos saudável

O famoso banho do gato, de fato, remove sujidades da pelagem e permite que o bichano distribua, de forma homogênea, os odores e a protetora oleosidade natural da pele e dos pelos. Contudo, alguns especialistas indicam banho em gato com intervalos de dois meses para animais de pelo longo e quatro meses para os de pelo curto, até porque, para alguns bichanos, só a lambedura não é suficiente.

Claro, isso se seu gato foi acostumado ao processo desde cedo (antes dos 6 meses), e se gosta de água ou, pelo menos, a tolera. O segredo é ter bom senso. A falta do banho tradicional em gatos de pelagem longa, por exemplo, pode causar problemas dermatológicos por acúmulo de ácaros ou formação de nós. No caso dos gatos obesos, é preciso prestar atenção em suas costas, pois geralmente eles não conseguem lambê-las e podem desenvolver problemas dermatológicos, como dermatites e fungos. Se seu gato é superarisco, aumentar a frequência da escovação ou recorrer aos banhos a seco são boas opções. 


4. Pele saudável

Gatos também sofrem com doenças relacionadas à pele. Por isso, ao menor sinal de coceira e lambedura em excesso, falha na pelagem ou até feridas, é preciso procurar um médico veterinário. Os principais problemas dermatológicos em gatos são de origem alérgica, parasitária, fúngica e neoplásica e só a realização de exames dermatológicos pode identificar o diagnóstico correto.

Entre as doenças mais comuns estão a alergia à picada de pulga (a DAPP), alergia a inalantes (atopia) e alergia alimentar, sendo que todas causam descamação, coceira, vermelhidão e falhas na pelagem. Em seguida, as doenças originadas por ácaros causadores da sarna (ou escabiose), por exemplo, representam 15% dos atendimentos clínicos em gatos.

A escabiose causa crostas e escamas na cabeça e na cauda, coceira intensa e aumento da espessura da pele nas regiões afetadas. Por fim, as doenças fúngicas são muito frequentes em felinos, das quais destaca-se a dermatofitose (micose superficial que acomete unhas, pelos e pele). Há também doenças não tão comuns, como a esporotricose (micose profunda que causa nódulos e úlceras cutâneas nas regiões do nariz, cabeça e das extremidades dos membros), mas preocupantes porque podem ser transmitidas ao Homem.


5. Olhos de gato saudáveis

Dependendo da raça, e até entre os vira-latas, gatos têm diferentes tamanhos de olhos e focinho. Os chamados braquicefálicos, que possuem um focinho mais curto, como é o caso dos gatos Persas, costumam apresentar excesso de secreção ocular e exigem cuidado redobrado. É por causa disso que os pelos abaixo dos olhos ficam mais escuros. Nesses casos, a limpeza nessa região deve ser diária, até para protegê-los da conjuntivite felina.

Nos gatos de focinho mais longo, a limpeza pode ser semanal. Para isso, um algodão umedecido – nunca gaze, pois pode arranhar a retina – com água filtrada já é o suficiente, outros produtos podem agredir a córnea dos gatos. Mantenha os olhos do gato fechados nesse momento e verifique se não ficou nenhum pedaço do algodão na região ocular quando acabar.

Gatinhos que possuem focinho mais alongado normalmente não acumulam secreção nos olhos. Então, caso você perceba os pelos abaixo dos olhos mais escuros, é sinal de que algo não vai bem, principalmente se notar uma secreção amarelo-esverdeada. Se houver qualquer secreção purulenta em olhos e narinas, procure um veterinário!

Stock photo © kipuxa


6. Novidades na área da medicina veterinária

Ao longo dos últimos anos, as pesquisas na área de saúde e de comportamento felino vêm aumentando, acompanhando também o aumento na população de gatos domésticos na sociedade mundial. Junto com esse avanço, alguns mitos foram derrubados. Por exemplo, antigamente pensava-se que alimentos úmidos engordavam. Entretanto, hoje, sabe-se que os alimentos úmidos, em sachês e patês para gatos, são indispensáveis, pois favorecem o aumento do consumo de água, o que é muito benéfico para qualquer gato, e também controlam de peso. Sim! O alimento úmido faz com que seu gatinho consiga perder peso, diferente do seco, que é muito mais calórico.

Além disso, o sachê tem mais água em sua composição, já o alimento seco possui mais proteína. Hoje já se sabe que não há problema em manter o felino somente com dieta úmida. Contudo, muitos gatos preferem as duas opções. Nesses casos, o recomendado é substituir uma ou duas refeições diárias pelo alimento úmido.

No campo comportamental, já é fato que as doenças felinas mais comuns, como alguns problemas urinários e dermatológicos, se iniciam com alterações na interação do gato com o ambiente em que vive. Assim, a importância de um habitat com características que estejam de acordo com o estilo de vida da espécie vai além da questão comportamental, ela influencia na saúde do seu felino. Por isso, não deixe de disponibilizar esconderijos e áreas suspensas (prateleiras), além de evitar ao máximo mudanças bruscas no ambiente. 


7. Perigos da modernidade

Os gatos do século XXI sofrem de males resultantes da rotina moderna dos donos, que os deixam sozinhos em casa durante mais de 10 ou 12 horas por dia e ainda oferecem guloseimas e comidinhas calóricas em excesso como forma de compensar essa ausência. Você já sabe do que estou falando né?
 
O primeiro grande problema de saúde dos felinos é a obesidade. Apesar de fofas, é preciso tomar cuidado com as “dobrinhas” em excesso, pois podem causar doenças crônicas, como diabetes mellitus, cálculos urinários, problemas articulares, câncer e até matar o animal. Para se ter ideia, um gatinho com 3kg que ganha 1kg já é considerado obeso, uma vez que o seu peso corpóreo ficaria 33% acima do ideal. Se comparássemos com humanos, seria como se uma pessoa de 75 kg ganhasse 24 kg. 
 
Entre as causas da obesidade, manter o comedouro sempre cheio de comida e dar petiscos para gato de maneira desregulada são as principais. Para controlar a quantidade de alimento que o gato come por dia, é fundamental fazer uma medida diária de ração, petisco e alimento úmido, considerando as calorias que ele deve comer no dia e distribuí-las ao longo do dia. Quando acabar aquela quantidade, você saberá que ele já atingiu sua necessidade calórica diária e qualquer extra será excesso.
 
Vale lembrar que qualquer mudança na rotina do seu pet deve ser feita de forma gradual, ou seja, não vale diminuir drasticamente a quantidade oferecida de um dia para o outro.
Outra grande causa da obesidade é o sedentarismo. Gatos passam horas sozinhos em casa dormindo, sem estímulos para se mexerem. Assim, oferecer brinquedos e distração para eles nos momentos de solidão é fundamental. 


8. Guerra contra pulgas e carrapatos

A infestação por pulgas é mais comum em gatos que a por carrapatos. Como os bichanos se lambem bastante, carrapatos acabam sendo arrancados durante o “banho do gato”. Ainda assim, pulgas exigem atenção do dono. Além de serem um incômodo para os animais e desagradáveis para os donos, esses ectoparasitas podem causar dermatites alérgicas, que são muito comuns, e transmitir doenças sérias. Uma delas é a babesiose, que geralmente vem acompanhada de outras enfermidades que deprimem o sistema imunológico dos gatos, como leucemia e anemia infecciosa felina
 
A aplicação de produtos antiparasitários e o controle do acesso dos animais à rua são as medidas preventivas. A primeira dose pode ser aplicada nos filhotes com 30 dias de vida e, quando adultos, a frequência vai depender do tempo de duração do produto e do estilo de vida do gato. Em média, gatos adultos devem receber quatro aplicações no ano. 

Stock photo © Eileen Kumpf

 

9. Alimentação do gato ideal

O desmame de gatinhos, ou seja, período em que vão deixando o leite materno e começam a comer ração para gatos filhotes, normalmente ocorre entre 35 e 40 dias de vida. Contudo, se seu filhote for órfão e se tiver sido retirado da mãe antes desse período, ele precisará de leite artificial, comercializado em pet shops. Servido a 37º C, esse alimento pode ser oferecido em uma mamadeira para bebês humanos recém-nascidos, em uma seringa de 3ml ou em um conta-gotas. Mas atenção, nunca amamente o filhote de barriga para cima, pois o líquido pode ir para os pulmões. Ele deve ficar em pé ou na mesma posição em que mama na mãe gata. 
 
A ração para gatos adultos deve ser dada a partir dos 12 meses. Para saber qual a porção diária que seu gato deve ingerir, é preciso seguir as instruções dos rótulos de ração ou pedir a recomendação de um veterinário. No mercado, existem diferentes qualidades de alimentos secos, que são divididos de acordo com as fases da vida do felino. Para os donos mais preocupados e exigentes, existem até rações livres de ingredientes transgênicos e de glúten. Antes de fazer sua escolha, vale uma conversa com seu médico veterinário de confiança.
 
Há um detalhe muito importante ao qual devemos nos atentar: Com a correria do dia a dia, acabamos deixando ração disponível para o gato durante o dia todo, mas o ideal é fracioná-la em porções menores e oferecê-las de duas a três vezes ao dia, não esquecendo de sempre manter a quantidade recomendada pelo fabricante.


10. Por que castrar gato?

A cirurgia é indicada pela maioria dos médicos veterinários por conta dos inúmeros benefícios que ela traz ao animal. Não somente para garantir a saúde dele, mas também para poder corrigir (ou evitar) comportamentos indesejados, como marcação territorial com xixi, miados altos e excessivos por conta do cio das gatas, entre muitos outros. Nos casos de gatos de rua, a castração também ajuda no controle populacional.

Entre as vantagens da castração em fêmeas, a prevenção de doenças do sistema reprodutor, como piometra (infecção no útero), hemometra (acúmulo de sangue estéril no útero), tumores de útero, ovário e mama, é uma das principais. Considerando que tumores de mama em gatas são muito mais agressivos que em cadelas, a castração entre o primeiro e segundo cios é fortemente aconselhável. Já em machos, a castração previne tumores testiculares, hérnias perineais e câncer de próstata e ainda reduz hábitos indesejados, como fugir de casa para “correr atrás” de fêmeas no cio, fazer xixi por marcação, entre outros. Pois para que isso não aconteça, o bichano deve ser castrado precocemente, ou seja, antes de adquirir tais hábitos. A partir dos 4 meses, felinos já podem ser castrados.


Confira as demais dicas na edição 95 da revista 
Pulo do Gato, através do link
https://revistapulodogato.com.br/nossas-revistas