A anestesia veterinária evoluiu muito nos últimos dez anos, equiparando-se hoje em qualidade e segurança ao procedimento de pacientes humanos. Entretanto, ainda é comum encontrarmos tutores com medo de anestesiar seus animais, muitas vezes inviabilizando procedimentos necessários para manutenção da saúde e qualidade de vida do pet. Existem vários pontos que devem ser discutidos com o especialista antes da anestesia para ampliar ainda mais a segurança do procedimento. Vamos detalhar cada uma deles:
Histórico do gato: O primeiro ponto importante é saber como está a saúde geral do animal que será anestesiado. Como acontece com os humanos, todo paciente pet precisa ser avaliado antes de uma anestesia. Os exames solicitados dependem da idade, raça, e ainda do tipo de cirurgia. Em geral o check-up pré-anestésico inclui exames de sangue, com os quais é possível detectar a presença de anemia, infecção bacteriana, parasitária ou viral no gato. Também é necessário realizar uma avaliação cardiológica com eletrocardiograma e/ou ecocardiograma. Em situações de emergência, pode ser necessário que o animal seja anestesiado sem exames prévios. Se o pet tiver histórico de cardiopatia ou outro problema de saúde, o tutor deve informar ao atendimento de emergência.
Estrutura de atendimento: Os tutores também devem questionar o especialista sobre a infraestrutura do monitoramento do animal durante a anestesia. Hoje contamos com equipamentos sofisticados, que detectam pequenas anormalidades na frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura, oxigenação, etc. Essa tecnologia permite que variações discretas evoluam para um quadro de emergência.
Qualificação da equipe: É preciso que um profissional qualificado realize a aplicação e o monitoramento da anestesia no gato. Na maior parte das cirurgias, a equipe é composta de três veterinários: o cirurgião, o auxiliar e anestesista. Cada profissional é responsável por um aspecto do procedimento para que tudo ocorra com tranquilidade e segurança. Ao final da cirurgia, o anestesista acompanha a recuperação do paciente, até que ele esteja em condições de ser transferido do centro cirúrgico para a UTI ou internação. A qualidade da anestesia também se estende ao pós-operatório, proporcionando conforto ao animal por meio de protocolos analgésicos adequados e individualizados.
Riscos envolvidos: Estudos em Medicina Veterinária mostram que a incidência atual de intercorrências anestésicas é de 0,1%, ou seja, de cada 1000 animais anestesiados, um apresenta complicações. É fundamental que o hospital esteja preparado para socorrer o animal caso isso ocorra, com estrutura de UTI, internação e equipe de apoio.
A anestesia assusta sim, é compreensível. Mas o medo pode ser minimizado com um melhor conhecimento do processo. Certifique-se de que haja um anestesista qualificado e um centro cirúrgico equipado antes da cirurgia do seu animal. Não deixe de oferecer o melhor cuidado possível para seu pet por medo de anestesiá-lo!
* Dra. Aline Vaccaro Tako é médica veterinária com especialização em Anestesiologia e atua no hospital veterinário Pet Care.